O acompanhamento feito pelos meios de comunicação social à detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates antecipava, desde as primeiras horas, que estaríamos muito provavelmente perante uma “experiência mediática”, no mínimo, incomum.
A elevada dimensão social e política deste caso, não deixando praticamente ninguém indiferente ao assunto, fez-se notar ao nível do impacto comunicacional, traduzindo-se num volume muitíssimo elevado de informação gerada. A transversalidade e o peso moral do tema na sociedade portuguesa levou a que de imediato, jornalistas, políticos, comentadores e diferentes personalidades saltassem para a “praça pública” e marcassem o tema como o dominante da agenda mediática.
Os diretos e os exclusivos, os debates e espaços abertos à opinião pública desdobraram-se, enchendo um balão mediático que agora vai esvaziando, lentamente, até que novos sopros informativos lhe dêem novo fôlego mediático.
A Cision estudou a cobertura feita pelos meios de comunicação social nacionais, pelos media online internacionais e ainda, com a ajuda do WISE – Serviço de monitorização de redes sociais, avaliou, o buzz gerado nas redes sociais e nos blogues, por este “histórico” e inaudito acontecimento. Nunca um primeiro-ministro havia sido detido em Portugal. O efeito nos media foi avassalador. As redes sociais deram-lhe dimensão. Os números que o Wise registou em redes como o Facebook, o Twitter, o Instagram, o Google+, o Youtube, bem como nos blogues, comprovam-no.
O estudo da Cision foi divulgado pelo Jornal Expresso na sua edição diária, um extenso trabalho publicado no dia 28 de Novembro de 2014.
Os números recolhidos, e posteriormente divulgados, dizem respeito apenas aos primeiros três dias ocorridos sobre a detenção, os primeiros momentos de um caso que continua até hoje a alimentar, um pouco ao sabor das fugas de informação recorrentes, a agenda mediática nacional.
A pesquisa ocorrida incidiu, concretamente, entre o final de sexta-feira – dia 22 de Novembro, a hora a que ocorreu a detenção, e o final do dia de segunda-feira, 24 (período: da 00:00 de 22.11 até às 23:59 de 24.11), quando foi finalmente anunciada, após alguns adiamentos, a prisão preventiva decretada pelo Juiz Carlos Alexandre.
Estamos a falar de números verdadeiramente impressionantes. Em Portugal, só em espaço televisivo, estamos a falar de 179 horas dedicadas ao assunto, em apenas 3 dias. 17 horas de rádio. Foram registados mais de 8 mil conteúdos noticiosos sobre a detenção de José Sócrates, com a pesquisa a percorrer todos os meios – imprensa escrita (744 artigos), meios online (4378 artigos), rádio (297 artigos) e televisão (2901).
Através do WISE, medimos ainda o pulso às redes sociais, facto que só veio corroborar que a torrente informativa alimentou discussões permanentes: no mesmo período foram monitorizados perto de 29 mil comentários sobre o assunto (28.930), aferindo-se ainda, em percentagem, os comentários que se revelaram desfavoráveis (negativos), favoráveis (positivos) ou neutros em relação a José Sócrates.
Nesta avaliação mais “qualitativa”, a percentagem de comentários desfavoráveis ao ex-primeiro-ministro triunfa, por larga maioria, com 62%. Já 31% dos comentários mostraram ser neutros em relação ao tema e apenas 7% dos comentários são favoráveis a José Sócrates.
Finalmente, os números da imprensa online mundial – foram quase 10 mil artigos detetados nos media online internacionais (9848 artigos) -, com a vizinha Espanha, a Alemanha e os EUA a liderarem o número de conteúdos noticiosos produzidos relativos ao tema. Mas outros países como a Turquia, a França, a China, o Brasil, a Itália, a Venezuela, o Canadá, a Suíça, o Reino Unido, a Roménia, a Suécia, a Argentina, o México e a Bélgica, entre outros, não ficaram indiferentes ao assunto. Em maior ou menor volume de conteúdos noticiosos gerado, todos estes países (bem como alguns com valores residuais e não mencionados) noticiaram o acontecido.
É importante ainda destacar a percentagem (%) de tempo dedicado pelas diferentes televisões e rádios nacionais à detenção de José Sócrates (face ao tempo informativo total de cada estação).
Relativamente à rádio, as estações dedicaram grande parte do seu espaço noticioso à detenção de José Sócrates, como os números demonstram. Valores como os da Renascença e TSF, com 51% e 50%, e Antena 1 e Rádio Comercial, com 45% e 34%, são bem ilustrativos do espaço ocupado pelo tema no total de espaço informativo de cada estação.
Já em relação à televisão, o cenário não muda muito, com o Expresso Diário a deixar este facto bem vincado, no artigo publicado no dia 28:
in Expresso Diário (28 – 11 – 2014)